Pagamos 70% de impostos em videogames importados

Ao comprar um console que não é fabricado no Brasil, o consumidor paga de 60% a 70% do valor em impostos, segundo Glauco Rozner, diretor-geral do PlayStation no país. No caso do PS3, por exemplo, do R$ 1,4 mil cobrado oficialmente por ele, quase R$ 1 mil equivale a tributos.

O executivo da Sony conversou hoje com o Olhar Digital sobre os planos em torno da fabricação nacional – ou não - de seus produtos. Nessa quinta-feira, 18, a empresa conseguiu junto à Superintendência da Zona Franca de Manaus a aprovação de um projeto que prevê investimentos de R$ 100 milhões no país.

O documento chegou a ser considerado por parte da mídia como prova definitiva de que o PlayStation começaria a ser fabricado por aqui, o que poderia reduzir seu custo. A companhia confirmou o interesse, mas não divulgou previsões concretas. Segundo Rozner, a verba aprovada esta semana será utilizada em pesquisas que avaliem o cenário nacional e apoiem futuras decisões estratégias.
A expectativa sobre a nacionalização do PS ronda o mercado há anos e a Sony atribui a demora à burocracia e à alta carga tributária. “Sempre estudamos formas de redução. Queremos viabilizar, mas isso demanda situações”, diz Rozner.

Mark Stanley, diretor-geral do PlayStation para a América Latina,  concorda com o executivo. Durante a Brasil Game Show, realizada na semana passada em São Paulo, Stanley fez duras críticas aos entraves tributários brasileiros, considerados “abusivos”. “Há um exército de advogados lutando por mais coisas na PS Store brasileira”, contou. “É um jogo que leva um tempo para acabar”.

Entre os grandes fabricantes, apenas a Microsoft transferiu para o Brasil a produção de seu console, o Xbox 360. A estratégia tem dado certo, pelo menos de acordo com um recente estudo conduzido pela consultoria GFK. O videogame foi avaliado com 65% de participação no mercado, domínio atrelado à queda do preço do aparelho, que passou de R$ 1,3 mil para R$ 800, redução de 40%.

Mais críticas

A Sony não é a única a reclamar das dificuldades impostas pelo governo brasileiro. De acordo com o diretor-geral da produtora de jogos Ubisoft, Bertrand Chaverot, o setor sofre mais com a tributação que com a pirataria.

“A pirataria é um obstáculo, mas primeiro é preciso lutar contra os impostos. Com preços justos e jogos em português, é possível combater este problema”, disse ao Olhar Digital durante a Brasil Game Show. Segundo ele, a fabricação de jogos também se enquadra na carga superior a 60%.

Apesar disso, o mercado de games cresce vertiginosamente no Brasil e já é o quarto maior do mundo. Dados da consultoria Pricewatherhouse Coopers estimam que em 2016 o setor vai movimentar R$ 4 bilhões, muito em função do crescimento da classe média.

O aumento na demanda estimulou o Ibope a conduzir a pesquisa Games Pop, realizada para entender os hábitos dos gamers, divulgada no início de deste mês. O estudo descobriu que 31% das pessoas consultadas disseram preferir jogos de ação a futebol, que obteve a preferência de 23% dos participantes. O terceiro lugar do ranking foi ocupado pelos de corrida.

Outro dado relevante é que o brasileiro prefere os consoles como plataforma para games, utilizado por 67% dos entrevistados . Na sequência aparecem computadores e notebooks, usados por 42%.

O levantamento aponta também que os celulares e smartphones têm lugar cativo para os jogos, com 16% da preferência, o que coloca a plataforma à frente até mesmo dos consoles portáteis, usados apenas por 7% dos entrevistados.

Fonte: OlharDigital

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