Tiririca pode render quatro vagas para o PR

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O palhaço Tiririca faz parte de uma estratégia eleitoral do PR para se beneficiar da proporcionalidade e eleger mais candidatos

O candidato tem sido condenado pelos que pensam ser um "deboche da política e do Congresso Nacional"

São Paulo. A fulminante ascensão do palhaço Tiririca - filiado ao Partido da República (PR) e na coligação de Dilma Rousseff (PT) para a Presidência, chamada "Juntos por São Paulo" - na corrida por uma vaga de deputado federal provocou reações extremadas entre políticos e eleitores de São Paulo. Mas o sucesso do palhaço poderá render quatro cadeiras ao PR na Câmara. Pesquisa do Datafolha mostrou que ele tem 3% das intenções de votos.

O candidato tem sido condenado pelos que pensam ser um "deboche da política e do Congresso" (a campanha "Palhaço é quem vota em palhaço" já se espalhou como vírus pela internet), e elogiado por outros que pregam o voto no personagem como protesto (o vídeo com a campanha de Tiririca, resumida no bordão "Pior do que tá não fica", já foi visto mais de quatro milhões de vezes desde que foi colocado na rede, há um mês).

No Twitter, o palhaço, interpretado pelo ator e cantor Francisco Everardo Oliveira da Silva, 45 anos, já foi por dias um dos temas mais comentados. Nascido em Itapipoca, Ceará, numa família que catou lixo para sobreviver, Francisco Everardo começou a trabalhar em circo aos 8 anos e ganhou o apelido da mãe, que o considerava mal humorado. O primeiro CD foi lançado graças ao esforço de amigos, e acabou um sucesso por causa do hit "Florentina", obrigatório nas rádios populares do país. Já na gravadora Sony, o palhaço vendeu mais de 1,5 milhão de CDs e virou figura fácil de programas de auditório. A carreira evoluiu para participações como ator em programas das TVs Record, Manchete e SBT. A queda gradual de exposição na mídia coincidiu com o convite para se candidatar.

Por trás do fenômeno está uma estratégia do PR para guindar votos para a legenda se beneficiando da proporcionalidade, princípio previsto na lei eleitoral, mas muito criticado, por transformar em integrantes do Congresso candidatos com desempenhos pífios nas urnas. Segundo este princípio, o número de vagas de cada partido é definido por uma equação que leva em conta a soma dos votos dos candidatos e suas legendas dividido pelo número de vagas a que cada estado tem direito.

Estima-se que o PR esteja investindo no candidato mais de R$ 500 mil. Ano passado, a cúpula do PR em São Paulo convidou Tiririca de olho em sua popularidade entre nordestinos e classes menos favorecidas.

Desde 2007, seus vídeos no YouTube foram assistidos por milhões. O filme "Ora, menino!" já foi visto cerca de 3,8 milhões de vezes. Outros 19 candidatos no país carregam o apelido Tiririca em seus nomes.

"O partido investe em nomes com repercussão no tecido social", diz um integrante do PR, que investiu na estratégia nos três maiores colégios eleitorais: São Paulo, Rio e Minas.
Fonte:Diariodonordeste

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